sábado, 1 de junho de 2013

TRANSFERÊNCIA NA SALA DE AULA

A transferência na relação professor – aluno é mais frequente do que se imagina, mas por acontecer de forma inconsciente não chama muito a atenção, o que exige, principalmente por parte do professor maior responsabilidade. O principal motivo da transferência na sala de aula acontecer, é que, se trata, neste caso, de um relacionamento onde se envolve muito poder e desejo entre as partes, elementos esses fundamentais para a ocorrência de um processo de transferência poderoso.

Hoje, pode-se afirmar que a transferência, em qualquer relação é prejudicial, quando prolongada, porque pode levar uma das partes - ou até as duas - a desenvolver neurose, alterando o comportamento social, e isto na educação, onde a relação das partes normalmente perdura um ano inteiro, agrava o caso. A preocupação com essa questão na sala de aula é relevante, devido a grande quantidade de pessoas envolvidas no possível resultado catastrófico do prolongamento do processo, visto que as salas de aula das escolas estão geralmente cheias, dando ao problema, uma dimensão muito mais ampla.
Em linhas gerais, a transferência, trata-se de uma manifestação humana quando as pessoas se relacionam e que por se desenvolver no campo do inconsciente não é percebida com facilidade pelas partes envolvidas, mas por outro lado pode ser bem resolvida se detectada no seu início. É importante ressaltar que a transferência pode se desenvolver tanto a partir do professor, quanto a partir do próprio aluno.
A detecção de um processo destes pode acontecer desde que observados alguns sintomas básicos no comportamento, pois o processo sempre começa a partir, por exemplo, de um desejo rotineiro repetitivo, como por exemplo, um aluno (a) expressar preocupações muito íntimas, enviando permanente de cartas (com conteúdo muito pessoal) ou mesmo o envio de presentes, e sempre fora de datas específicas para tal. A ocorrência de fatos como estes, rotineiramente, certamente são sinais de ocorrência do processo de transferência, visto que o desejo incontrolável, é um elemento fundamental da transferência, e em um caso destes está sobrepondo-se à normalidade que a relação deveria ter.
No caso do processo de transferência desenvolver-se no professor, a questão torna-se um pouco mais delicada, pois dificilmente o aluno terá condições de detectar ou mesmo resolver. Mesmo assim, se o professor fizer um esforço, é possível detectar nele mesmo a transferência, bem como procurar resolvê-la. Alguns dos sintomas da transferência no professor estão ligados a questão do poder, afinal ele (a) é um “objeto de desejo”, interessante, que se diferencia dos comuns, e demais atributos que levam o aluno a transferir para ele aquela figura de desejo dela (pai, mãe, etc.) e as situações que indicam o início do processo, normalmente dão-se a partir de atitudes como, a preferência sempre pelo mesmo aluno (a) para as tarefas de auxílio – geralmente o mais quietinho e comportado (que se enquadra naquela figura do bom filho, que deseja ter, etc.) – a necessidade de mandar sempre o mesmo aluno (a) realizar as tarefas cotidianas que outros poderiam fazer, enfim, esses comportamentos podem indicar o princípio de uma transferência.
Para ambos os casos, ao verificar a ocorrência de tal processo, o mais indicado é que se procure um terapeuta, seja ele psicólogo ou psicanalista, para que se faça uma análise e um tratamento correto e individualmente procure frustrar estes desejos quando eles se manifestarem, afinal a transferência é um processo de deve ter meio e fim.

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