sábado, 8 de junho de 2013
COMO APLICAR PIAGET NA SALA DE AULA?
A mudança de postura da linha tradicional para a construtivista não é tarefa simples para o professor, visto que exige também, mudanças de alguns hábitos na prática da sala de aula. Nessa mudança, o professor passa da posição do detentor do saber absoluto para se tornar um pesquisador em ação, pois no método construtivista, não existem coisas prontas, mas um caminho a construir.
Nessa caminhada construtivista, é fundamental conhecer também os estágios da evolução do raciocínio, porque cada estágio tem as suas características e seus limites. Segundo Piaget, o ícone do pensamento que dá a base do construtivismo, esses estágios do desenvolvimento dividem-se em quatro:
Sensório-Motor – 0 a 2 anos: A partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo, por exemplo, são construídas pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento.
Pré-Operatório – 2 a 7 anos: A criança se torna capaz de representar mentalmente pessoas e situações. Já pode agir por simulação, sua percepção é global, sem discriminar detalhes. Deixa-se levar pela aparência, sem relacionar aspectos. É centrada em si mesma, pois não consegue colocar-se, abstratamente, no lugar do outro.
Operatório-Concreto – 7 a 11 anos: Nessa fase, a criança já é capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração. Desenvolve também a capacidade de refazer um trajeto mental, voltando ao ponto inicial de uma situação.
Lógico-Formal – 12 anos em diante: A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais à representação imediata nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente.
A observação e a consideração dessas etapas são importantes para o professor ao passo que, a partir daí o seu planejamento pode ser mais bem adaptado dentro dos limites potenciais do aluno, garantindo com isso o aprendizado de forma plena.
E importante também aos coordenadores conhecerem estas etapas, pois assim poderão delimitar com mais precisão a quantidade e qualidade dos programas estabelecidos para aplicação na série/idade. Certamente a educação caminhando lado a lado com a psicologia, o seu papel cumprir-se-á de forma mais eficaz, econômica e responsável.
sábado, 1 de junho de 2013
TRANSFERÊNCIA NA SALA DE AULA
A
transferência na relação professor – aluno é mais frequente do que
se imagina, mas por acontecer de forma inconsciente não chama muito a
atenção, o que exige, principalmente por parte do professor maior
responsabilidade. O
principal motivo da transferência na sala de aula acontecer, é que, se
trata, neste caso, de um relacionamento onde se envolve muito poder e
desejo entre as
partes, elementos esses fundamentais para a ocorrência de um processo de
transferência poderoso.
Hoje,
pode-se afirmar que a transferência, em
qualquer relação é prejudicial, quando prolongada, porque pode levar uma
das
partes - ou até as duas - a desenvolver neurose, alterando o
comportamento social, e isto na educação, onde a relação das partes
normalmente perdura um ano inteiro, agrava o caso. A preocupação
com essa questão na sala de aula é relevante, devido a grande quantidade
de
pessoas envolvidas no possível resultado catastrófico do prolongamento
do processo, visto que
as salas de aula das escolas estão geralmente cheias, dando ao problema,
uma
dimensão muito mais ampla.
Em
linhas gerais, a transferência, trata-se
de uma manifestação humana quando as pessoas se relacionam e que por se
desenvolver no campo do inconsciente não é percebida com facilidade
pelas partes envolvidas, mas por outro lado
pode ser bem resolvida se detectada no seu início. É importante
ressaltar que a
transferência pode se desenvolver tanto a partir do professor, quanto a
partir
do próprio aluno.
A detecção de um processo destes pode
acontecer desde que observados alguns sintomas básicos no comportamento, pois o
processo sempre começa a partir, por exemplo, de um desejo rotineiro repetitivo, como por exemplo, um aluno (a)
expressar preocupações muito íntimas, enviando permanente de cartas (com conteúdo muito pessoal) ou mesmo o envio
de presentes, e sempre fora de datas específicas para tal. A ocorrência
de fatos como estes, rotineiramente, certamente são sinais de ocorrência do processo
de transferência, visto que o desejo incontrolável, é um elemento fundamental da
transferência, e em um caso destes está sobrepondo-se à normalidade que a relação deveria ter.
No
caso do processo de transferência
desenvolver-se no professor, a questão torna-se um pouco mais delicada,
pois
dificilmente o aluno terá condições de detectar ou mesmo resolver. Mesmo
assim,
se o professor fizer um esforço, é possível detectar nele mesmo a
transferência,
bem como procurar resolvê-la. Alguns dos sintomas da transferência no
professor estão
ligados a questão do poder, afinal ele (a) é um “objeto de desejo”,
interessante, que se diferencia dos comuns, e demais atributos que levam
o aluno a transferir para ele aquela figura de desejo dela (pai, mãe,
etc.) e as situações que indicam o
início do processo, normalmente dão-se a partir de atitudes como, a
preferência sempre pelo mesmo aluno (a) para as tarefas de auxílio –
geralmente
o mais quietinho e comportado (que se enquadra naquela figura do bom
filho, que deseja ter, etc.) – a necessidade de mandar sempre o mesmo
aluno (a)
realizar as tarefas cotidianas que outros poderiam fazer, enfim, esses
comportamentos podem indicar o princípio de uma transferência.
Para
ambos os casos, ao verificar a
ocorrência de tal processo, o mais indicado é que se procure um
terapeuta,
seja ele psicólogo ou psicanalista, para que se faça uma análise e um
tratamento correto e individualmente procure frustrar estes desejos
quando eles se manifestarem, afinal a transferência é um processo de
deve ter meio e fim.
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