terça-feira, 28 de maio de 2013

DOENÇAS DO MAGISTÉRIO

  

   Os problemas ligados ao profissional do magistério em nosso país são muitos, por exemplo, os baixos salários, a ausência de uma política justa para a carreira, a falta de segurança nas escolas, etc; além destes problemas estruturais, existem as doenças do magistério que atingem cerca de 20% dos profissionais na ativa. Estas doenças geralmente são de fácil detecção, mas muitas vezes são ignoradas devido a correria do dia a dia.
 
A VOZ

    O principal instrumento de trabalho professor é sem dúvida a voz, mas ao contrário de radialistas, cantores e atores, os professores em geral se descuidam muito desta importante ferramenta de trabalho.
   Os conhecimentos sobre aquecimento e postura de voz, não são aprendidos nos cursos de licenciatura e magistério, e geralmente os profissionais, depois de formados, também não buscam aprender as técnicas.
   O desconhecimento das técnicas vocais e postura de voz, o excesso de trabalho e o desrespeito às pausas para descanso da voz, são os principais fatores causadores dos problemas ligados a calos e até ao câncer nas cordas vocais, esse segundo, problema bastante ascendente no séc. XXI.
    Os sintomas dos problemas ligados a voz, são bastante simples: irritação e dor na garganta, cansaço ao falar, pigarro e falha na voz, indicam que algo não está bem e é hora de se cuidar. Algumas medidas preventivas podem desacelerar este processo de doença, e o primeiro passo consiste em mudar alguns hábitos alimentares, como a ingestão de alimentos que engrossam a saliva, pois eles dificultam a articulação das palavras e a vibração nas pregas vocais; são eles: os derivados do leite e do chocolate, principais vilões, ao contrário da maçã e do salsão que têm propriedades adstringentes e deixam a saliva mais fina.
    O café machuca e resseca a laringe, porque é consumido geralmente muito quente, então substitua-o pela água natural (sem gás), pois ela hidrata as pregas vocais melhorando a flexibilidade e a vibração. A água deve estar sempre em temperatura ambiente e ser consumida em intervalos de no máximo uma hora. Nesse caso carregar uma garrafinha ajuda a habituar-se.
    O uso de spray e pastilhas é ilusão, pois deixam a laringe anestesiada, dando a sensação de que tudo está bem, levando então a forçá-la em excesso, e são úteis apenas em casos de emergência. Outro engano é o gengibre, porque apesar de seu conhecido poder cicatrizante, pode irritar as mucosas da laringe e causar tosse, além do mau hálito que ele provoca.
    Ao tomar esses cuidados, resta então, usar um truque, caso na escola ainda se trabalhe com o quadro-negro e giz, lembre-se que o pó do giz (giz de cal) irrita a garganta, por isso procure passar o apagador na posição de cima para baixo bem leve ou substituí-lo por um pano úmido, assim evita-se a maior dispersão do pó no ar. É importante não esquecer que a voz está diretamente ligada a respiração, por isso o aquecimento vocal, é fundamental para iniciar o dia de trabalho.

      O ideal é procurar sempre impostar a voz e evitar falar enquanto escreve no quadro ou mesmo virar o pescoço para responder uma questão, pois esse movimento provoca tensão na região vocal. Pelo mesmo motivo, evite o uso de roupas apertadas na cintura, abdômen e pescoço, e se mesmo assim os problemas persistirem consulte um fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista, porque estes são os profissionais habilitados a tratar do problema.
 
SÍNDROME DE BURNOUT

    No caso da Síndrome de Burnout, os sintomas normalmente são: olhos com dificuldade para se fixar; as pernas constantemente pesadas; dores nas costas; tosses constantes; irritabilidade (dentro e fora da escola), falta de concentração; desânimo e cansaço crônico, que se traduz, a grosso modo, em um “ pifar” , ou seja, um queimar (como uma lâmpada que queima). Imagine isso acontecendo com uma pessoa.
    As pessoas que se encontram nesse estágio, tem a sensação de que nada funciona como deveria e esse conjunto de condutas negativas levam o profissional tomar atitudes do tipo passivo-agressivas, atingindo diretamente suas relações com a família, os colegas de trabalho e principalmente os alunos na sala de aula.
    O primeiro passo para o tratamento dessa síndrome, inicia-se com uma auto-avaliação das reais condições, ou seja, o professor deve reconhecer que é humano, tem limites e precisa mudar alguns hábitos e atitudes. O mapa dessa situação se traduz em fatos de fácil percepção, como o absenteísmo (
falta de assiduidade, sobretudo ao trabalho), aumento de condutas de risco, diminuição do nível de satisfação profissional e inconstância nos empregos, gerando na pessoa uma vontade de “largar tudo”.
    Os avanços da pedagogia em comunhão com a medicina terapêutica, indicam alguns procedimentos simples, que podem ser adotados na rotina diária e que ajudam evitar a se chegar nesse estágio da síndrome.
    Primeiro é aprender a respirar: respire fundo pelo nariz e expire pela boca lentamente por cinco vezes e depois uma breve caminhada, mesmo que pelo corredor da escola. Esses dois exercícios realizados um pouco antes do inicio das atividades e repetidos no intervalo entre um período e outro do turno de trabalho podem diminuir em até 80% a carga de estresse acumulada. Segundo, quando estiver diante de qualquer situação a qual envolva uma decisão importante, conte mentalmente de um a dez bem lentamente e somente então decida o que fazer.
 

DORT

    No séc. XXI, o número de pessoas que buscam aposentadoria por invalidez com problemas de DORT (Doença Osteomuscular Relacionada com o Trabalho), tem crescido muito e progressivamente, visto que o excesso de trabalho normalmente é o maior vilão. A preocupação é ainda mais grave ao verificar que cerca de 60% dos pacientes que apresentam este problema, são os professores, e dentre estes a maioria trabalha em escola pública, com carga horária de trabalho igual ou superior a 40 horas/aula semanais.
    Diversos são os fatores causadores da DORT, pois o problema além de originar-se do excesso da carga de trabalho, tem os seus agravantes ligados a forma de trabalho do professor na sala de aula. A exemplo disso, foram analisadas algumas posturas do docente, as quais agravam o problema, como: escrever no quadro elevando a mão acima da altura dos ombros, carregar sempre pesos, sejam livros ou cadernos em demasia, principalmente de um lado só, além dos excessivos movimentos de vai e vem para apagar o quadro. Muitas vezes é difícil para o professor não tomar essas atitudes, visto que a estrutura da escola, principalmente a pública, não ajuda.

    Algumas medidas preventivas, podem contribuir para evitar o agravamento deste problema, posto que para resolvê-lo seria necessário dar melhores condições de trabalho ao docente, enquanto isso não acontece, resta fazer alguns “malabarismos” para preservar a saúde. Algumas medidas podem ajudar a evitar a DORT.
    Primeiro, evite escrever no quadro com a mão acima do nível dos ombros e abaixo da altura do umbigo, peça, sempre que possível, a um aluno ou aluna para apagar o quadro, procure diminuir e dividir o peso, alternando entre os dois lados, ao sentar, utilize sempre o encosto da cadeira para descansar um pouco a  coluna vertebral, divida o tempo entre sentado e em pé e escreva pausadamente. Fazendo isso, com certeza, ao fim do dia de trabalho o corpo estará menos cansado
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